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Literatura
Tango mulher
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Isabella Martino estreia na literatura com Tango Mulher, uma obra em que a música se cruza com o teatro, o passado com o presente, em que os poemas são palcos que recebem mulheres – em alguns casos relegadas ao anonimato, em muitos, vítimas de violência e rejeição – para que ecoem, sob a direção amorosa de alguém que as fará cantar juntas. Afinal, “Malena está viva/ está aqui bem viva/ e eu também”. Trata-se sobretudo de uma escrita de sobrevivência, como frequentemente tem sido a de mulheres, porque, nas palavras da escritora e tradutora, Paloma Vidal, que assina o posfácio do livro: “escrever é criar um espaço próprio, às vezes mesmo uma muralha de proteção de danos físicos, materiais, emocionais. Ao mesmo tempo, ao se expandir, a escrita não deixa que nos isolemos, o que seria também uma forma de violência.” Num cenário com um sofá rosa e um caderno preto, o ato da escrita acontece e uma mulher se cria e se inventa, evocando outras mulheres como modo de fincar a página de suas existências. A autora, assim, nos confirma que escrever como uma atriz-espectadora, é estar dentro e fora das cenas vividas, somente deste modo pode traduzir o luto, a perda, os silêncios e tudo aquilo que sobrevive. Uma escrita movida pela atenção aos detalhes, porque é neles que se pode encontrar o que Vivi Tellas chamou de “Umbral Mínimo de Ficção”, esse lugar de indefinição e cruzamento onde é possível teatralizar a vida para que as pessoas e seus mundos nos comovam.