A escritora Helena Terra mergulha em sua alma, nas suas origens e expõe as raízes de uma sociedade que ainda não superou a herança escravocrata. Os dias de sempre é o terceiro romance da autora que exibe uma escrita profunda, envolvente e combativa. O lançamento será no sábado, 2 de setembro, das 15h às 18h, no Café do Margs (Praça da Alfândega, s/n – Centro Histórico – Porto Alegre/RS). O evento marca também a estreia do projeto Tardes Literárias nos Museus, com sessões de autógrafos, saraus, cursos, leituras e debates, em uma parceria da escritora Helena Terra com Roberto Prym, da editora Bestiário.
O escritor Luiz Ruffato, que assina a orelha da obra, revela um pouco do que o leitor vai encontrar em Os dias de sempre: “Com personagens desenhados com mão firme, complexos e profundos, Helena Terra lança luz, com maestria, sobre um recôndito raras vezes frequentado pela literatura, o das obscuras relações entre os que servem e os que são servidos dentro de uma sociedade desigual e desumana como a brasileira.”
No fluxo de consciência de Helena cabem suas memórias e as lembranças de um Brasil que até há pouco tempo normalizava a prática de presentear famílias abastadas com suas meninas. “O foco principal é a busca desesperada de Mariana por um leito de hospital para Nena, uma mulher que, ‘aos treze anos, com um buquezinho de flores na mão e uma trouxinha de pertences’, foi entregue à sua família para cuidar da casa”, pontua Ruffato.
Na obra também há espaço para a crítica ao patriarcado e para a busca de reparação de um passado que não é só de sua família, mas de toda a sociedade. A reflexão, no entanto, não é panfletária, mas intimista, como que confessando baixinho o diário de fatos e de sentimentos de diversos capítulos de sua história.