Um atraso. um átimo. um deslize. O que pode acontecer após uma brevíssima mudança no roteiro do dia? O quanto de mundo pode irromper aos olhos de um menino que simplesmente perde o ônibus? E que. por esse mero desvio na rotina. acaba conseguindo reparar no tanto de vida desfilando à sua volta? Logo. logo esse pequeno herói vai experimentar o cheiro da chuva e o gosto da água. A poça virando lago e o lago. mar. A correnteza do mundo. exuberante. o arrastando para fora da rotina. num convite para que os sentidos se agucem e a curiosidade se atice. É isso. afinal. que faz Guto Lins neste O menino que perdeu o ônibus: um manifesto poético contra a mesmice e a opacidade da rotina. Uma ferramenta literária de resistência ao embotamento e à falta de liberdade. Uma história tão necessária em nossos dias. Uma narrativa em prol do prazer e da beleza. que nos lembra o quanto a imaginação é instrumento poderoso em defesa da vida.