De volta ao conto dezessete anos depois de sua elogiada estreia no gênero- Paulo Henriques Britto nos conduz por um universo povoado por personagens que se veem diante de escolhas decisivas sobre a própria identidade.
Um engenheiro se envolve com um grupo de teatro experimental. Um guerrilheiro fugindo do Exercito vira uma especie de santo numa cidadezinha cheia de fieis. Um burocrata tem um estranho flashback ao entrar no predio onde deveria apenas retirar um documento. Como narrativas de formação sui generis- passadas no mundo adulto e vividas por indivíduos aparentemente comuns- as nove histórias de O castiçal florentino têm por subtexto um grande “e se?”. O inconformismo com o que e previsível se espalha inclusive pela linguagem: com uma liberdade equivalente ao grande domínio tecnico que tem do ofício- Paulo Henriques Britto experimenta diferentes estilos e tipos de registro ― do ensaio ao discurso de agradecimento- do texto introspectivo em primeira pessoa à metaficção em terceira ― sem perder de vista o calor humano daquilo que descreve.
Um conjunto extraordinário de histórias em que- à força de devaneio- a ficção se apresenta como elemento-chave e plano de fuga da ordem cotidiana.