Vânia Mignone diz que não planeja essas cenas previamente. Não faz esboço, nada. Não mantém sketchbooks, essas coisas. Seu trabalho acontece direto na superfície, seja o papel ou a madeira. Muitas vezes, trabalha com os dois materiais ao mesmo tempo, num processo de acréscimos, sobreposições, porque, como prefere deliberadamente não saber o que vai desenhar, pintar, riscar, pode ser que a superfície escolhida se torne menor do que a narrativa que se apresenta; então, ela faz a montagem – edita o que conta acrescentando espaço. Assim, o processo tanto pode ser um quadro que vai crescendo à medida das necessidades, ou, à moda das histórias em quadrinhos e do cinema, a história se constrói quadro a quadro. Quando isto acontece, temos mais claramente a sensação de estarmos diante de outra coisa que não pintura.