Entre o concreto e o imaginado. entre os contos de fadas e as histórias de terror. Retratos com erro desenha muitos mundos que. feito espelhos distorcidos. se multiplicam e se deformam. Se por um lado Eucanaã Ferraz descreve com veemente lirismo o amor zeloso e o desejo tórrido. a beleza e a perfeição. por outro o horror. o medo. a loucura e um riso esgarçado convivem na mesma moldura.
E onde está o erro? “Não fui eu quem fez o mundo/ e sei que isso conta a meu favor”. o poeta escreve. O retrato. aparentemente. nunca está completo. Dividido em partes. ou “dobras”. o livro começa na segunda. Falta-lhe a primeira. Embora os três blocos claramente dialoguem em sua estrutura e organização. essa parte ausente. espécie de membro fantasma. deixa o desenho para sempre em suspenso. inacabado. Resta ao leitor decidir se os 22 poemas que compõem cada parte. articulados de modo horizontal. em constante diálogo. se confirmam ou se contradizem.