Mesmo na pré-história já existe uma narrativa: gravada em pedra. eterna. oculta em alguma caverna prestes a ser descoberta. Assim também o tempo nos ilude. elusivo. tornando infinitas certas cenas que se repetem na lembrança e de certa forma nos moldam. O novo livro de Paloma Vidal é uma pequena e vigorosa obra-prima. que une com delicadeza os laços das eras mais remotas aos de agora. costurando no tempo uma escrita que vai além da memória. numa espécie de investigação arqueológica que toma a forma de uma carta de amor urgente e retroativa. Com habilidade. a narradora nos enreda em sua trama de tom altamente pessoal. apresentando cada elemento que compõe o mosaico de uma história de amor única — a estrelinha vermelha. o esconderijo do barco — e cada um dos polos opostos que irão inevitavelmente se atrair. apertando os laços em nós cada vez mais difíceis de romper.