O livro alterna entre dois momentos. O protagonista já adulto relembrando da sua época de escola, suas descobertas sexuais, suas dúvidas em relação ao mundo. O tom das rememorações alterna entre o nostálgico (mais pela falta de responsabilidades do mundo adolescente) e o dolorido (em que o processo de transformação é imposto socialmente dentro de “caixinhas”).
Já adulto, o refúgio do protagonista é a biblioteca municipal. Os livros não o julgam, não o importunam para ser isso ou aquilo, não o chamam de “cabaço” como os meninos da escola. Embora digam que o narrador é uma bicha ultrapassada beletrista que vive em um conto de Borges, esse homem tem na biblioteca seu paraíso idílico, que o salva temporariamente da inquisição do mundo. Ou ainda: está mais para um exílio dentro da própria cidade.