A ditadura é um assunto que incide silenciosamente, insidiosamente em várias gerações, em todos os que viveram e sobreviveram a ela, até hoje. Não por acaso surgem na cena literária contemporânea cada vez mais ficções sobre esse período, escritas por autores nascidos pós-golpe de 1964. Quebra-se assim o silêncio que tanto marcou a infância e a adolescência dos filhos da ditadura. É como se só recentemente, na vida madura, percebêssemos enfim os efeitos catastróficos de um regime militar que manipulou toda uma população na base do medo, da censura total à imprensa e do boicote a qualquer arte minimamente reflexiva.