Ao famigerado mundo moderno dos aplicativos de celular e da velocidade das redes sociais, Wagner contrapõe vinhetas fugidias, instantâneos poéticos da vida de Adeline, das suas leituras. Ou seriam quadros, já que a plasticidade de algumas cenas assim o sugere? Como o autor sabe que “o tempo nas ruas desorienta o tempo nos livros”, por vezes se aproxima de Adeline em silêncio, à distância.
Na aguda afirmação do escritor e ensaísta Anthony Burgess, o modernismo, em especial o anglo-saxônico, colocou enfim a pessoa comum no centro dos romances. Cerca de um século depois, com as conquistas modernistas já incorporadas ao entretecer literário, Wagner Schwartz sabe que as inquietações formais se movem agora em outras direções, às quais deve apresentar respostas formais inauditas.