Na fictícia Marangatu — capital do boato, onde qualquer notícia sem fundamento se espalha e
faz vítimas —, na Baixada Fluminense, as escolas de samba, os candomblés e a igreja católica não passam de fantasias: de verdadeiro mesmo, só as organizações criminosas e as centenas de igrejas pentecostais. Essas forças teriam sido unificadas, segundo voz corrente, sob a influência da poderosa Iaiá de Marangatu, mulher "importante, majestosa e invejada", mas impiedosa com seus inimigos. Mestre em entrelaçar ficção e realidade, Nei Lopes recria neste romance a periferia carioca — suas glórias, orgulhos, sombras e mitos — desde os tempos coloniais até o século XXI, passando pelos anos de chumbo da ditadura militar.