Os contos de Silvina Ocampo ? monstruosos. insólitos. perturbadores. sinistros. irreais ? são o tesouro mais bem guardado da literatura latino-americana do século XX.
Finalmente vemos chegar ao Brasil um livro de Silvina Ocampo. que está entre os escritores mais surpreendentes e intensos do continente. Publicado em 1959. A fúria é considerado “o mais ocampiano” dos livros de Silvina. obra em que a autora encontra sua voz única e inaugura seu universo alucinado. “Nos seus contos há algo que não consigo compreender: um estranho amor por certa crueldade inocente e oblíqua”. escreveu o amigo Jorge Luis Borges. Saídas do que Roberto Bolaño chamou de “uma limpa cozinha literária”. suas histórias misturam elegância e excesso. distanciamento e intensidade. calma e horror. Há a influência macabra que a antiga dona de uma casa exerce na nova inquilina (“A casa de açúcar”. o conto favorito de Julio Cortázar); adivinhos e premonições (“A sibila” e “Magush”); amores loucos (“A paciente e o médico”); a festa de aniversário de uma jovem paralítica (“As fotografias”); e uma profusão de crianças malignas. como a que incendeia cruelmente uma amiga no conto que dá título ao livro. Revalorizada com entusiasmo nos últimos anos. a literatura de Silvina Ocampo é singular. complexa. envolvente e nos convida. como poucas. à fantasia e à imaginação.
“Eu não conheço outro escritor que capture melhor a magia dos rituais cotidianos. o rosto proibido ou oculto que nossos espelhos não nos mostram.” ? Italo Calvino
“Irmã de Victoria Ocampo. esposa de Adolfo Bioy Casares. amiga íntima de Jorge Luis Borges. uma das mulheres mais ricas e extravagantes da Argentina. uma das escritoras mais talentosas e singulares da literatura em espanhol: todos estes títulos não explicam Silvina. não a definem. não servem para entender o seu mistério.” ? Mariana Enriquez
“A fúria é uma das reuniões de contos mais intensas da literatura argentina. A primeira leitura deste livro pode suscitar mal-estares. mudanças de ânimo. deslumbramentos. Certas frases e uma ou outra palavra violenta desencadeiam a perplexidade e a inquietude física.” ? Tomás Eloy Martínez