A exatidão do que houve depende de quem ouve e de quem conta ou oculta a urdidura. Um escritor nunca é o inocente de alma pura. Quanto mais mascara, mais desnuda. Em sua nova escritura, nosso herói ecoa vozes mudas e fatos não acontecidos pra alterar os destinos da nossa vida dura (ao menos da sua). E não se trata aqui de uma óbvia crítica às fake news, mas o ficcionista é surpreendido na própria impostura. O pêndulo da vingança oscila sua lâmina afiada e rubra. Um tirano apontaria seu míssil ou afrontaria com prisão e ditadura. Nosso frágil e hábil Léo só tem a literatura, esse inutensílio imprescindível que ele mais e mais apura. Sabe bem, que, para além de qualquer história vivida, é ela, a escrita (maldita!), quem perdura.