“Equivoquei-me em tudo- estraguei minha vida e não tenho como mudar o que está feito”- confessa Pedro Aranda ao descrever seus sentimentos em sua volta à terra natal- Lisboa- Depois de viver durante trinta e sete anos no Brasil- na cidade de São Paulo- onde formou-se em medicina e constituiu família- o homem de cinquenta e quatro anos interrompe novamente seu enraizamento ao retornar a Portugal- após um traumático divórcio-
Conviver com o estranhamento em relação a tudo o que é externo- com o deslocamento e com o isolamento são desafios enfrentados por Pedro em sua diligente busca por resgatar algo perdido; algo que ele não consegue identificar- Provavelmente seja o senso de pertencimento-
“Sinto-me estrangeiro no mundo- como se tivesse vindo de outro planeta e adquirido a forma humana- mas permanecesse um estranho por dentro”- Com essas palavras- o protagonista de Lisboa Revisitada define sua percepção de si: um homem sem pátria- apartado de tudo- obrigado a se adaptar às responsabilidades e às exigências mundanas- mas buscando incessantemente um sentido interior que transcenda as causas externas e legitime todas as suas escolhas até então-